Vinhos arcuenses
Forneciam já as Armadas da Índia
No passado dia 28 de Maio, no Palácio da Bolsa no Porto, realizou-se a gala para a entrega dos prémios aos "Melhores Verdes 2009". Com a presença da cantora Teresa Salgueiro, que com as suas sonoras melodias abriu e encerrou esta solene sessão, desfilaram as principais marcas dos vinhos verdes que já nos habituaram com a excelência deste nectar único no mundo. Registámos com especial satisfação que a primeira marca a ser chamada ao palco nessa noite foi precisamente dos Arcos de Valdevez, a Quinta de Aguiã, para receber a Medalha de Ouro da "Melhor Vinha 2009", justo prémio a quem reconhece que sem boa vinha não há bom vinho. O que ficou provado logo a seguir, quando na sequência dos prémios, o representante desta secular quinta arcuense ainda voltou a ser chamado para receber a Medalha de Prata com que foi distinguido o seu Vinhão da colheita 2009.
Mas essa noite reservava outras surpresas para o nosso Concelho. Pela Quinta de Andorinha que também foi distinguida com a Medalha de Prata para a sua vinha, enquanto a Quinta dos Abrigueiros com a de Bronze para o seu Loureiro.
Aquela solene noite foi de gala também para os vinhos arcuenses, distinguidos de modo inédito por tantos prémios, tão expressivos, num concurso tão prestigiado e de uma só feita.
A volta às origens
"É a volta ao passado!", sintetizou Simão Pedro de Aguiã exibindo os dois belos troféus que recebeu, onde folhas de videira se fundem artisticamente em forma de bola, como que a apontar para o mundial da África do Sul. E explicou: "Todos sabemos que já na Idade Média as vinhas ocupavam a maior parte da área agrícola do nosso concelho, em regime de monocultura. Por isso o cacho de uva figura no nosso brazão. O que nem todos recordam é que na época dos Descobrimentos os nossos vinhos gozavam de tanto prestígio que alguns reis chegaram a mandar cá emissários para fornecer dele as Armadas da Índia. E que no século XVIII, segundo as Memórias Paroquiais publicadas recentemente pela Câmara, ele era considerado "bem maduro" e "dos melhores da Ribeira Lima". Estámos a voltar às origens e à excelência que nos permitia a "cepa redonda", de que começamos a ser arredados desde que aqui foi introduzido o cultivo do milho, batata e feijão após a descoberta do novo mundo, quando as nossas vinhas se sentiram "empurradas" para as bordaduras dos campos e conformando-se em crescer desmedidamente ao alto, trocando a qualidade pela quantidade".
In "Noticias dos Arcos", de 17 de Junho de 2010
Conferir:
- "O País dos Verdes. De um promissor início a uma menoridade historiográfica", pelo Prof. Dr. Aurélio de Oliveira, da FL da UP, In "Actas do 1º Congresso Internacional de Vinho Verde", 19-21/11/2007, Edição da Associação Portuguesa de História da Vinha e do Vinho e da Confraria do Vinho Verde, páginas 59-94;
- "As freguesias do Concelho dos Arcos de Valdevez nas Memórias Paroquiais de 1758", coordenação do Prof. Dr. José Viriato Capela, da UM, edição da Câmara Municipal, 2005, páginas 57, 74, 93 e 104.
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